Eram seis horas, e ela não sabia. Estava feliz sem saber.
De repente a avisavam, ela se espantava se queixava e silenciava-se.
Respirava, digeria a informação e ouvia um murmúrio, um lamento, uma canção.
Observava, se questionava novamente, e perguntava das horas,
Eram seis e cinco, informavam.
Não se questionava ou se debatia, aceitava e silenciava.
Simplesmente acenava com a cabeça e a abaixava, tentava inutilmente compreender o que uma duas ou mais vozes tentavam falar, gritar, cantar...
Respirava, contemplava o que ela mesma não sabia e não ouvia.
Encarava-me, como se eu tivesse feito algo errado, como se a culpa do entardecer fosse minha.
Mas ela não sabia que horas eram. Nunca saberia, nunca soubera.
Nunca saberia o que falavam, o porque falavam e nem que dia era hoje.
Para ela não existiam dias, existia o agora.
O agora inconsciente, sem hora, sem dia, sem vozes.
E ela era feliz assim,
Era feliz por não saber, por não ouvir, por não perceber.
Era feliz, e nunca sequer precisou saber pra que.